segunda-feira, 29 de março de 2010

APRESENTAÇÃO DA BLOGAGEM DE ABRIL


A Páscoa é um dos mais importantes eventos cristãos. Nessa época, comemora-se a Ressurreição de Jesus Cristo depois da sua morte por crucificação no dia de Sexta-Feira Santa. Em Portugal, é costume assistir-se a missa, almoçar com a família e esperar pela visita do N. Senhor na Cruz, trazido por um padre ou por sacristães.
No Judaísmo, relembra-se o momento da liberdade dos escravos do Egipto, indo para a Terra Prometida. Os judeus têm um ritual à volta do carneiro. Na tradição pagã e na maioria dos países nórdicos, festeja-se a passagem do Inverno para a Primavera.

Uma prática comum iniciada para divertir a pequenada é: a pintura de ovos cozidos, decorando-os com desenhos e formas. De seguida, os adultos escondem-nos e as crianças procuram-nos alegres. Por vezes, esses ovos são substituídos por uns de chocolate. Supõe-se que esta actividade seja uma alusão a antigos ritos pagãos. A primavera, lebres e ovos pintados com runas eram os símbolos da fertilidade e renovação. Na vertente comercial, a lebre acabou substituída pelo coelho com a versão “Coelho da Páscoa, o que trazes para mim?”. Mas existe uma lenda deverás engraçada: após colorir alguns ovos de galinha, uma mulher pobre decide escondê-los, para dá-los a seus filhos como presente de Páscoa. No momento em que as crianças descobrem a prenda, um coelho passa a correr. Espalha-se, então, a história de que o coelho é que havia deixado os ovos.

Agora perguntarão: “Coelhinho da Páscoa, o que a Aldeia traz para nós?” Ora, uma Blogagem de Abril com o tema: “A Páscoa na minha Aldeia”! Este mês, queremos saber o que costumam fazer nesta quadra e/ou as experiências que tiveram nas vossas terras, vilas ou cidades ou até noutros países…

Nota importante: Dentro do nosso ovo da Páscoa, vamos então escrever um texto com um máximo de 25 linhas, uma foto, o link do blog e o título, a enviar até ao dia 8 de Abril, para aminhaldeia@sapo.pt!

Entretanto, começou ontem a votação da Blogagem de Março! Aguardam-se surpresas… Comentem e Votem!



quarta-feira, 24 de março de 2010

VERÕES DIFERENTES


Chegado o verão fechava-se a casa da foz do Douro e rumava-se de comboio a Barqueiros. Eram quase 3 meses (de princípios de Agosto até ao fim da primeira semana de Outubro) que os esperavam. O ar fresco da maresia era trocado pelo calor das encostas durienses, pela sombra de algumas das árvores onde um fruto acabado de colher tinha um sabor que nunca mais se conseguiu esquecer. A água da mina que ficava ali no quintal ajudava a combater o calor. Eram 8 irmãos e mais alguns primos que enchiam de risos, correrias e brincadeiras toda aquela região. O meu pai, o mais novo de todos foi o que não pôde desfrutar até à idade adulta tais verões, pois a morte do seu pai, meu avô, quando tinha apenas 12 anos, e as vicissitudes próprias destas situações, terminaram na venda da maior parte das propriedades e apenas ficou a casa de família. No entanto as recordações de tão fortes que foram ficaram para sempre e de forma tão viva que nos foram passadas a nós filhas como se aqueles verões tivessem acontecido apenas alguns anos antes. Estive sentada com o meu pai a comer figos da mesma figueira que dava para a janela do seu quarto. Foi lá que percebi finalmente a recusa triste do meu pai a todas as uvas compradas no Porto pois o sabor das diferentes castas (moscatel de hamburgo, moscatel de Jesus, mourisca, rosac e tâmara).

As propriedades iam da Aldeia de Vale Penteeiro onde ficava a casa, à quinta principal, Bela Vista tinha uma vista maravilhosa para o Douro que corria lá baixo e onde passava o comboio ainda a carvão, (onde eram feitos os pic-nics de família) onde tinha penedos enormes cobertos de musgo e com um souto de cerca de 30 castanheiros. Noutra encosta havia a Costeira, onde nascia o ribeiro que ia dar à mina de lá de casa, e inúmeras árvores de fruto (cerejeiras, laranjeiras, tangerineiras, pereiras, ameixoeiras, ginjeiras) situada na margem direita do Douro onde o sol incidia directamente.
Ao escrever estas linhas a certa altura liguei ao meu pai para me relembrar quais as castas da uvas e estivemos uma data de tempo ao telefone enquanto recordava uma vez mais a belíssima infância que lá passou...demasiadas memórias para caberem nas linhas propostas para este post :)

Nota: Barqueiros do Douro tem origem no ofício dos seus habitantes que construíam e governavam os barcos Rabelos, que transportavam o vinho até às caves. É em barqueiros que começa a região demarcada do Vinho do Porto.

Nota2 – A foto é retirada da net e é da casa da Quinta da Vista Alegre que pertencia aos meus tios (irmã mais velha do meu pai), embora apareça muitas vezes mencionada de forma errónea como tendo sido construída por Espanhóis. Ela foi comprada posteriormente por eles.

Escrito por Ka, do Blog da Ka

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AVEIRO, A VENEZA DO MEU PAI

(Imagem tirada da Internet)

O meu pai nasceu e viveu toda a sua vida em Aveiro, mais propriamente na Ria onde ele passava grande parte dos seus dias, nos moliceiros. Para ele, era mesmo verdade a designação: Aveiro, a Veneza Portuguesa. Tudo o cativava, passando esse fascínio para os filhos: a Sé Catedral, majestosa entre tantas igrejas, a Quinta da Condessa de Taboeira, actualmente abandonada e em ruínas, a Casa do Major Pessoa, tantas casas e palacetes, capelas e mosteiros.

“Vêem, Aveiro é muito mais do que praia, mar e ria. Temos Arte, História e Cultura”, exclama o meu pai, quando nos levava, a mim e ao meu irmão a passear com a minha mãe. Mesmo assim, quando éramos pequenos, nos queríamos era ir até a Praia da Barra ou da Costa Nova, brincar na areia e molhar os pés. Oh, e a Reserva Natural das Dunas de São Jacinto! Não há lugar natural mais bonito!

Ainda hoje, com a família mais alargada, vamos todos dar esses passeios por terra paterna. Pois, faz-nos bem dar uma escapadela da terra materna (Lisboa), onde vivemos todos actualmente.

Ah, e quando íamos almoçar? Meu pai preferia a Caldeirada de Enguias, claro. A minha mãe descia um pouco o distrito para se deliciar com o Leitão à Bairrada. O meu irmão e eu não queríamos saber de comida, só falávamos em passar já para a sobremesa: os Ovos Moles. Quem nunca provou não sabe o que perde!

Esta é uma pequeníssima homenagem ao meu pai e à sua cidade. Pois, fica ainda muita coisa por dizer. Mas dêem um salto até Aveiro, e de preferência, experimentem o passeio de moliceiro!

Escrito por Liliana Rito,

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segunda-feira, 22 de março de 2010

A TERRA ONDE O MEU PAI CRESCEU

(Foto de Bruno Carreiro, retirada do Facebook. Uma rua de Salvaterra do Extremo, da rua da Corredoura à Praça. À esquerda pode ver-se, na parede, entre portas, o Poço da Rua, de Cima, a que chamam o Poço em meia-lua)

A terra onde o meu pai cresceu, mas não muito, pois a sua estatura, exterior, era pequena, era uma terra sem electricidade, tinha candeias e candeeiros, sem água ao domicílio, tinha cântaros e bilhas para a irem buscar às fontes, da Ribeira, das Fontaínhas, aos chafarizes, poucos, e aos poços, de Santo António, de São João, da Rua de cima e da Rua de baixo e ao poço Novo, todos parcos de água e nos quais, no Verão, ainda noite, as mulheres atiravam o caldeiro lá para dentro, passavam umas boas horas até encher a cântara, e punham as conversas em dia. Era uma terra de muito trabalho, quando o havia, e de pouco proveito. Onde se passava o dia, e até a noite, por lá, apascentando rebanhos e sofrendo com cada um dos animais, dormindo mal, por aqui e por ali, mal vestidos, em leito de palha, numa qualquer toca ou palheiro mas, só depois do rebanho estar recolhido. E, havia chuva! E, havia frio! E no Verão, que parecia melhor, lá vinham as "malditas" ceifas na sua dureza e com elas as sezões (ou, maleitas) e outros padecimentos. Padecimentos que se tornavam maiores quando atingiam a cachopada. Maus para elas próprias, e aos quais muitas não resistiam (não chegando ao fim do Verão), e para os próprios pais. Mas era uma terra que vivia as suas festas, com grande devoção. Onde se vivia de portas abertas (não havia alarmes, nem empresas de segurança). Normalmente estavam na cravelha mas, quando estas estavam fechadas, era fácil abri-las pois que a chave, deixada num prego por dentro da porta, devido a um orifício suficientemente largo, na parte inferior da porta e que só era tapado com uma pedra para não permitir a entrada de gatos (podiam ir aos chouricitos, claro!), estava acessível a um qualquer.

Era uma terra onde não havia jornais, nem rádio, nem televisão, as notícias corriam de boca em boca e havia pregoeiros. À noite, ao serão, aproveitando a luz bruxuleante duma vela ou até do luar, os pais ainda arranjavam tempo para ensinar, aos filhos, estórias que já os seus pais lhes tinham contado e que são, hoje, grande parte do que deles resta nas nossas memórias.

Escrito por João Celorico, do blog Salvaterra e Eu
A versão completa do texto encontra-se no respectivo blog.

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CARVALHAL DO SAPO - FELIZ DIA DO PAI!

Carvalhal do Sapo

O meu pai chama-se Acácio Moreira e é um recente habitué deste blog que admiro por ter criado laços de pessoas que não se conhecem mas partilham gostos comuns e como é o dia do pai, resolvi presenteá-lo com um gesto simples, a minha participação nesta blogagem.

Onde cresceu o meu pai… uma pergunta que pode ter várias respostas. Podia dizer que nasceu numa aldeia no meio do nada, podia dizer que nasceu numa aldeia das Beiras que ninguém conhece, mas apesar de ambas as opções terem o seu quê de verdade, eu acho que o meu pai nasceu numa aldeia pequena, num sítio pobre em dinheiro mas rico em boa gente, rico em beleza natural, rico em simplicidade… cresceu sem os luxos a que hoje estamos habituados, mas cresceu num sítio de ar puro, a beber água da nascente, a comer os legumes criados no quintal… Ao mesmo tempo cresceu num sítio que lhe ensinou a dar valor às pequenas coisas, num sítio que o ajudou a ser a pessoa que é hoje.. Pai, este texto é apenas para que saibas que provavelmente não o digo muitas vezes mas tenho muito orgulho em ti (e na mãe, mas esse fica para Maio). Sei que apesar da teimosia e de outros defeitos és boa pessoa e tens bom coração, e sei que cada qual é como é mas sinto que a ti o Carvalhal deu a sua quota, e eu tenho orgulho em conhecer as tuas origens e de fazer parte delas. Uma aldeia que pertence a outra época, onde ainda se dá valor ao que realmente importa, onde ainda se respira ar puro, onde se abre a janela de manhã e parece que acordámos no paraíso ao sentirmo-nos rodeados pela beleza da natureza e dos sons do campo…

É engraçado o valor que se dá aos pormenores quando se cresce, lembro-me de em miúda ficar irritada porque o meu pai me pedia para ir à fonte buscar água fresca para o almoço (e para ir à fonte preferida são cerca de 500 metros a pé), hoje é com gosto que faço quase 600 km para ir buscar água aquela fonte… A vida é feita de pormenores e o meu pai nasceu numa aldeia que nos deixa muitos pormenores para toda a vida! Apesar de todas as dificuldades e dos poucos recursos, cresceste na aldeia certa, a tua aldeia! Feliz dia do Pai!

Escrito por C. Moreira,
Em homenagem ao seu pai e amigo bloguista da Aldeia: Acácio Moreira.

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sábado, 20 de março de 2010

A ALDEIA DO MEU PAI

Sobral Gordo
(Imagem do site do Grupo Etnográfico Raízes de Sobral Gordo em http://sites.google.com/site/raizesdosobralgordo/)


O meu pai é natural duma pequenina povoação chamada Sobral Gordo, pertencente à freguesia de Pomares e ao concelho de Arganil.

Quando o meu pai nasceu, a vida na aldeia era dura. Vivia-se da agricultura em terrenos ganhos às vertentes íngremes da serra do Açor com a construção de socalcos. Transportavam os bens à cabeça ou às costas. Só os mais abastados possuíam uma mula ou um macho para servir de transporte A criação de gado complementava a alimentação e fornecia o estrume para as terras. Muito trabalho era comunitário e em tempo de dificuldade, ajudavam-se uns aos outros.

A aldeia não tinha estrada e, para onde quer que se deslocassem, tinham que o fazer a pé. Não havia saneamento nem electricidade e a água era transportada em cântaros da fonte para casa.

A roupa era lavada na ribeira e a higiene era feita em grandes alguidares com água aquecida em panelas de ferro na lareira. Não havia escola, e uma grande parte da população era analfabeta. Só alguns aprendiam a ler e a escrever, muitas vezes ao serão, com alguém que o soubesse fazer e se dispusesse a ensinar.

Desta forma, muitos dos habitantes da aldeia sentiram-se motivados para partir e uma grande maioria rumou para a região de Lisboa, em busca de trabalho. Alguns tiveram tanto sucesso nos seus empregos que conseguiram o seu próprio negócio.

Durante a primeira metade do século passado, gerou-se em Lisboa um movimento associativo dos naturais das aldeias beirãs, tão abandonadas pelo Poder Central, cujo objectivo era melhorar as condições de vida nas suas povoações. Nasceram Ligas, Uniões, Comissões e Associações de Melhoramentos, que com a sua contribuição, organização de festas e movimentação nos Ministérios em Lisboa, conseguiram iniciar uma nova era. Romperam-se estradas, electrificaram-se as povoações, distribui-se água ao domicílio, construíram-se redes de saneamento, escolas, casas de convívio, ringues desportivos....

A terra do meu pai não foi excepção e hoje possui as infraestruturas básicas das zonas urbanas, com a vantagem de poderem usufruir duma vida pura e saudável.

No entanto a maior parte dos naturais da aldeia acabou por criar raízes também na região metropolitana de Lisboa, mas todas as férias e tempos livres são dedicados à sua aldeia. Para manter mais vivas as tradições criaram um grupo etnográfico e tentam manter na memória os usos e costumes da aldeia que os viu nascer, organizando vários eventos ao longo do ano.

Com a memória do passado podemos, no presente, construir um futuro melhor...

Escrito por Lourdes Martinho, do blog O Açor

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MINHA TERRA AMADA - TERRA DO MEU PAI



Este meu pequeno texto tem como razão fundamental, apenas e tão só, a de prestar uma singela homenagem à terra do meu muito querido e já falecido pai, actualmente também minha por adopção. Quase sempre com o mesmo título, escrevi vários textos como podem ler e obter mais informação neste, o penúltimo.

Vila Nova de Cerveira tem uma localização invejável, encontra-se a apenas cerca de oito kms de Espanha, dez de Caminha e a uma hora de distância do Porto.
Nesta vila idílica, existe uma enorme variedade de lugares inesquecíveis de beleza singular a visitar. Vejam estas imagens.

A primeira que saliento é o centro da vila em cujo coração se encontra a actual Pousada D.Diniz (neste momento, fechada para obras), situada dentro da fortaleza que foi a antiga vila.
A belíssima Igreja Matriz, o Solar dos Castros onde funciona a Biblioteca Municipal e existem constantes exposições de Arte nas salas contíguas…
O Aquamuseu com o seu lontrário assim como os diversos aquários, mostrando todas as diferentes espécies de peixe ainda abundantes no rio Minho desde a sua nascente até à foz e ainda o Parque de lazer que o envolve.
Destaco ainda a praia fluvial da Lenta muito perto do Inatel, o Convento de Sampaio com os seus jardins frondosos, uma capela singular e o seu museu permanente, onde se expõem obras do pintor/escultor José Rodrigues bem como de outros tantos famosos artistas. Poderão ler mais aqui e ver as belas fotos.
Lá bem no topo da montanha mais alta, o Cervo, símbolo da Vila, assim como a Sra. da Encarnação cujas vistas são esplendorosas e abrangem todas as vilas portuguesas bem como galegas e ainda a Foz do Minho.
O rio reflecte não só a exuberância da sua esplendorosa vegetação, em diferentes tons de verde, mas também raras imagens de espécies migratórias de aves.
Venham conhecer melhor a Vila D'Artes, Terras de Cervaria. A sua fabulosa gastronomia, a simpatia e hospitalidade das suas gentes e ficarão apaixonados tal como eu.

Escrito por Fernanda Ferreira

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sexta-feira, 19 de março de 2010

FELIZ DIA DO PAI ! ! !


A Aldeia da Minha Vida deseja a todos os Pais do Mundo, um: FELIZ DIA DO PAI!

Aproveite esse dia para mimar a figura paterna, de todas as formas, sobretudo dê um abraço ou um gesto carinhoso. No fim-de-semana, se for da Beira Interior, veja aqui o passeio que poderão dar juntos. Reiteramos os nossos votos de saúde e muita Felicidade nesse dia especial, a todos os pais!

O MEU PAI: O FORMOSO MIMOSO


O meu pai tem nome de rei de Portugal, e seguindo isso, seria apelidado de O Formoso. No entanto, nasceu numa família humilde na cidade minhota, mesmo a beira-mar. Em Viana do Castelo, a família Teixeira era conhecida como os Mimosos. Giro, hein? Não entendo bem porquê até hoje, mas o meu pai adora o seu canto vianense, fala com orgulho da presença do estaleiro naval e sempre que passa frente a escola onde andou, repete: “Eu estudei aqui. Eu joguei futebol aqui.”. A minha mãe e eu abanamos a cabeça a rir – “tipo já sabemos, estás gaga” (ihihih) (mas sabemos que ele faz de propósito)

No entanto, teve de deixar os estudos e ir trabalhar para ajudar os pais e as irmãs. Os irmãos tinham a mesma sina. Aos 9 anos, já era empregado numa papelaria vianense. Aos 15, atravessava Portugal, Espanha e parte da França a pé e de comboio até chegar a Paris. A capital francesa era a sua cidade de trabalho e nada mais. Iria para as obras, depois para uma oficina como mecânico/bate-chapas e finalmente teria várias funções numa empresa de renome. Este ano, vai reformar-se juntamente com a minha mãe e finalmente aproveitar a vida!

Apesar de continuar apaixonado pela sua terra do Minho com as suas praias, os seus pescadores, o seu Monte Sta Luzia e a sua famosa Romaria de Agosto, hoje tem outro amor adoptivo: Viseu. Cá, gosta de ir ao mercado logo pela manhã e brincar com as feirantes. Aprecia caminhar pela longa Avenida da Europa até à rotunda da Fonte Luminosa e beber um cafezinho. Seguir até à Praça do Rossio e ler o jornal, tranquilamente sentado num banquinho. Dá uma volta pela Sé, pelo Fontelo, pela Feira de S. Mateus… São hábitos que já fazem parte do seu coração de emigrante com saudades, não de uma terra, mas de duas… e com sede de conhecer o País inteiro.

P.S.: não vou falar como ele é como pai, porque preencheria o blog até ao ano de 2050 no mínimo! Amo-te muito, papá urso!

Escrito por Helena Teixeira, uma das meninas do blog da Aldeia

Nota: este texto foi apenas escrito num âmbito de camaradagem e homenagem aos pais. Estou proibida de participar oficialmente, “tá mal…” eheheh…

quinta-feira, 18 de março de 2010

ALDEIA ONDE CRESCEU O MEU PAI

Foto: Góis – Fevereiro 2009

Manuel Moreira, nasceu no Carvalhal do Sapo em 26 de Agosto de1921 e faleceu a 31de Dezembro de 2008. É costume comentar que a vida são dois dias, a data do nascimento e a data da morte e vemos esta realidade cada vez que vamos a um cemitério e a prova disto está espelhada em todas as lápides e o seu dizer singelo traduz esta realidade. Nasceu a tantos de tal e faleceu a tantos de tal. A diferença entre estas datas é um interregno da vida, uma imagem que perdurará ou se extinguirá, consoante as acções que podemos fazer em vida e que marcam a nossa passagem por este mundo.

Manuel Moreira, neste seu interregno, foi uma figura que marcou a sua passagem por este mundo na nossa terra, e que ficará para sempre na memória das nossas gentes, foi sempre uma figura marcante, de grande carisma para a era em que viveu, foi um grande exemplo para a sua e futuras gerações. Um símbolo dum mundo que deixou marca e que infelizmente está a desaparecer! Era um homem que fazia da convivência uma devotada arte de partilhar a amizade, O seu grande amor pela família e a amizade pelos amigos era o que de mais importante tinha na sua vida. Teve uma vida difícil, uma juventude vivida em terra inóspita de fracos recursos que tornava a vivência muito dura. E foi na esperança de uma vida melhor que tomou o rumo a Lisboa, onde foi procurar um meio de subsistência melhor que encontrou como moço de armazém, onde se empregou durante toda a sua passagem pela capital.

Contudo as saudades da esposa e do primeiro filho, já nascido, começa a apertar e a angústia da distância a fazer-se sentir… e assim, há que enfrentar a situação! Foi na tentativa de conseguir dar novo rumo à vida dura, aos salários miseráveis, à separação da família pela distância que surge a oportunidade que há algum tempo ecoava o regresso à sua terra. Era uma oportunidade única, dar seguimento a um pequeno estabelecimento de comércio misto aí existente. Ultrapassados alguns percalços pelo meio, os escassos meios para enfrentar as dificuldades que se avizinhavam, foi com a grande força de espírito de que sempre foi portador que tudo se ultrapassou e o seu objectivo conseguido. Mesmo após o seu regresso à terra natal, a vida permaneceu dura mas na companhia da família e podendo contar com o seu apoio, foi mais fácil lidar com a crueza duma luta que afinal nada mais foi que o apanágio de uma vida.

Escrito por Acácio Moreira, do blog A minha Aldeia – Carvalhal do Sapo
Poderá ler mais no respectivo blog.

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A TERRA DO MEU PAI

Será que isso interessa? Muitas vezes estas perguntas são feitas, mas será que isso interessa?
Por vezes parece-me que onde nascemos ou onde nasceram os nossos pais não tem muita importância. Afinal nascemos por acaso e naquele local também por acaso e também naquele País, hora , mês e ano. Há até quem nasça em aviões entre um local e outro…entre fronteiras, muitas possibilidades.

A nossa terra é aquela onde nos sentimos bem. Onde somos reconhecidos , onde criámos as nossas raízes, onde vivemos e/ou trabalhamos e pode não ser a terra onde nascemos. O meu pai nasceu no Porto, mas foi pequeno para Moçambique. Ali viveu, cresceu, amou e desamou e agora não sei onde está. Procuro por ele pois só o conheço por fotos. Espero que onde quer que ele esteja seja feliz. Em qualquer terra.

E isso é que é importante. Sermos felizes em qualquer lado onde façamos a nossa vida. Envolvermo-nos com a comunidade e estar em sintonia com a vida.

O Pai esse não é importante porque nasceu nesta ou naquela terra, é importante para nós porque foi quem nos deu o ser, será quem nos mima a par com a nossa mãe e quem nos educa e se preocupa toda a vida connosco.

Pai … Pai, sim três letras com muito significado.
Nasceu aqui , nasceu ali, é desta raça ou de outra é português ou outra nacionalidade? Sempre Pai.
A terra onde nasceu para mim não tem qualquer significado comparado com a importância que ser Pai tem nas nossas vidas de filhos.

Escrito por Ana Paula Palma, do blog Anoxpaulox Palminha... Desafiando-me!
 
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terça-feira, 16 de março de 2010

ONDE CRESCEU MEU PAI: BELA E PEQUENA ITUPORANGA...


Falar da Terra de meu pai, é relembrar um pouquinho do nosso passado. Não muito distante. Meu pai nasceu na cidadezinha de Furadinho, da qual pertencia par outro município chamado Ensaio de Brito. Proximidades de Florianópolis, (localizando e situando um pouco). Infelizmente não consegui mais informações a respeito das pequenas cidades. Mais o mais importante foi que ele viveu desde os dois anos de idade até seus 40 anos na cidade onde todos nós nascemos: a cidade de Ituporanga, SC, Brasil, considerada sua Cidade Natal…Terra do Coração…

Meu pai trabalhou muito. Trabalhava em turnos que, a cada semana, tinha este horário alternado: uma vez de manhã, outra vez a tarde, outra vez a noite. Mas sempre cumprindo as 8 horas...Uma pessoa maravilhosa, que completou seus, 71 anos no dia 1º de Janeiro. Uma pessoa íntegra e trabalhadora. Deixou grandes ensinamentos para nós. Aprendi muito com ele.

Desde muito cedo, ele não soube muito bem, o que era amor de Pai. Pois perdeu o seu, quando tinha dois anos de idade. Nunca soube o que era um carinho, um abraço ou até mesmo uma palavra amiga, da pessoa paterna. Mas, cresceu, trabalhou e lutou pela sua sobrevivência. Nunca teve medo de trabalhar. Trabalhou muito e no pesado. Tinha dupla jornada de trabalho para poder cuidar de seus 5 filhos. Em seus horários de opostos, trabalhava na lavoura, para ter a comida na mesa. Tudo se plantava para o consumo. Se comprava muito pouco em supermercados. Trabalhou muito e criou seus 5 filhos, com muito amor e carinho. Claro que sofreu muito. Mas nunca desistiu. Pois a família estava em primeiro lugar. Hoje todos nós somos casados, temos nossas famílias. E tivemos uma boa educação. Dentro dos seus princípios, éticos e morais.

Hoje com os seus 71 anos, sofre do mal de Parkinson. Homem vaidoso como sempre foi, sofre muito com esta doença.

Nunca mais voltou a sua Terra natal. Mas eu tenho muita vontade. Ainda irei lá. Relembrar os doces momentos da nossa infância e resgatar um pouco mais dessa Terra.
Nosso Torrão Brasileiro… Nossa Terra do Coração…
Resgatar nossas memórias, nossa história é fundamental!

Escrito por Sandra Andrade, do blog Interação de Amigos

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A BEIRA É TUA, PAI


A Beira é solidez, mulher vergada no campo,
homem fora o dia todo, atrás de rebanho.
Menina no rio lavada, trouxa de roupa à cabeça,
pé descalço no mato, arranhadela.

A Beira é terra bravia pintalgada de giesta
passeio de fim de dia,
cheiro a pinha e eucalipto.
Amora doce, silva que arranha os braços queimados do Sol.
Azeite dourado em lagar, vinho pisado em canção
calça arregaçada, trabalho árduo em brincadeira aliviado.

A Beira é a ovelha tresmalhada, preocupação de pastor, cão leal em palhota de céu de estrelas, penhasco, vereda, caminho de cabra.
É calor abrasador, frio de neve que greta a pele, samarra de pele curtida, contra a intempérie.

A Beira é seara madura, dourada do vento e terra em verde milho semeada.
Horta pequena, alface, couve e batata
Casinhoto de pedra, lareira acesa e queijo acabado de coalhar... ordenha, leite quente e saboroso, cheio de nata a boiar.

A Beira é recordação de infância, momentos partilhados, alguns sofridos, alguns zangados.
Mas hoje, e sempre a Beira é tua, Pai.

Escrito por Catarina Price Galvão, do blog (Once)

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domingo, 14 de março de 2010

"ALDEIA ONDE NASCEU O MEU PAI."


Escrever algo sobre a aldeia onde o meu pai nasceu não é difícil, pois é das aldeias mais bonitas de Portugal, é a minha aldeia. Mas antes quero falar do maravilhoso ser que era o meu Pai de nome Arlindo Santa Cruz. Nasceu a 17 de Março de 1932, um dos mais novos de sete irmãos. Homem de estatura baixa, lindos olhos azuis, amigo de todos. Para o meu pai tudo estava bem, de um coração do tamanho do mundo, estava sempre pronto a ajudar o próximo, um grande pai.

O meu pai morreu muito novo, mas deixou-me muitas mensagens (valores) que ainda hoje regem a minha vida, uma delas tem a ver com o dia em que saiu de casa para honrar um compromisso e não mais voltou. No dia anterior tinha se comprometido após muita existência por parte de o antigo patrão em o ir desenrascar e acabar umas janelas que só ele sabia fazer, pois era um excelente marceneiro. No dia seguinte, acordou muito doente e a minha mãe disse-lhe:
-Arlindo não vás trabalhar, estás tão doente! Nós cá nos arranjamos sem esse dinheiro.
Ele respondeu: - Mulher, eu comprometi-me e já o meu pai dizia que vale mais a palavra que o dinheiro e eu quero honrar o meu compromisso. Foi ao nosso quarto despediu-se dos filhos e prometeu trazer (chaços) rebuçados. Morreu nesse dia, atropelado por uma mota ao regressar do trabalho.

O meu pai, rumou a Lisboa nos anos 40 para trabalhar numa carpintaria no alto de S. João: “CARPINTARIA MELÃO”. Entretanto, como gostava da minha mãe regressou a aldeia para casar. Mais tarde a minha mãe e a minha irmã mais velha vieram ter com meu pai a Lisboa, mas um ano depois regressaram novamente à aldeia. Foi trabalhar para a oficina que se mudou de Lisboa para Góis e ali viveu até dia 30 de Setembro de 1976 dia em que faleceu. Tiveram 6 filhos, quatro rapazes e duas raparigas.

Falar da aldeia de Cortecega, é dizer que é uma aldeia pequenina, situada no interior de Portugal a 4 km da linda vila de Gois, seu concelho, a 40 km da Cidade dos (Doutores) Coimbra, seu Distrito. Tem o privilégio de estar rodeada de vales e montes verdejantes, casas de Xisto, pintadas de branco, amarelo e azul, ruas e caminhos limpos. O Rio Ceira passa a seus pés com suas águas límpidas e cintilantes.
Recebe bem quem a visita, agora com poucos habitantes. Mas, já teve muita gente, chegou a haver um grupo folclórico com cerca de 30 elementos todos desta aldeia, éramos todos família, porque todos os irmãos/ãs do meu pai casaram com irmãos/ãs da minha mãe, outros casaram com pessoas da terra, assim, mais tarde os seus descendentes era quase tudo família. (…)


Escrito por Eugénia Santa Cruz, do blog Cortecega – Notícias da Minha Terra
A versão completa deste texto encontra-se no respectivo blog.

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UM OLHAR VIAJANTE

(Recuperação da Capela de Anteporta)

"Aldeia do meu Pai, Mãe e Minha, Anteporta, assim se chama, é uma pequena e rústica aldeia no concelho e freguesia de Rio Maior, distrito de Santarém onde habitam pessoas com muitas histórias para contar.

O rio Maior, que atravessa a cidade de Rio Maior dando-lhe nome, percorre também esta aldeia onde se situava nos tempos antigos uma porta de água que ajudava a controlar as dádivas vindas da natureza. Situando-se antes da porta de água, dia nasceu o seu nome: Anteporta.

Terra de homens e mulheres do campo. Destaca-se a Capela de Santo António, restaurada no passado ano de 2008 com todo o esforço da população para não perder este bem que acima de crenças religiosas, é um lugar de todos. Tal como a sua fonte pública e a sua associação recreativa que juntamente com os vários fontenários espalhados por ela fornecem alguns dos seus serviços mais essenciais.

Mas a verdade é que embora muitíssimo bem localizada, tal como muitas outras aldeias de Portugal, esta está a ficar cada vez mais desertificada, onde os jovens não se estabelecem e a população envelhecida também não permite muita evolução. Contudo ainda hoje sempre que se sai á rua, podemos ouvir um saudoso “Bom Dia” pela população vizinha. Porque com todos os seus contras, também existem os seus prós!"

Escrito por Tânia F.P. Barreira, do blog OlharViajante

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sexta-feira, 12 de março de 2010

A REALIDADE DE ALGUNS PAIS

(Imagem retirada da Internet)

A história que vou contar tem personagens reais e os Pais estão presentes.
Ei-la: uns camponeses pobres saíram da aldeia e rumaram à região da Grande Lisboa à procura de trabalho que lhes melhorasse o presente e garantisse o futuro.

Instalados numa barraca simples dos arredores da capital, chegaram a arrepender-se por terem trocado o casebre de granito e telhas por umas paredes de esferovite cobertas de plástico. Mas a esperança é a última a morrer, assim aprenderam com os simples da aldeia. E começaram a sonhar que um dia poderiam ter uma vivenda com flores e uma garagem para o carro… Vamos ao trabalho que a nossa vida tem de dar uma volta.
Por sugestão de uns vizinhos, ela começou a trabalhar a dias e ele em serviços de limpeza. Eram fortes e saudáveis. Podiam trabalhar o dobro das horas daqueles que nasceram embalados pela moleza da cidade. E trabalharam, trabalharam e pouparam, que os vizinhos pobres ficaram admirados com eles e iam comentando: estes montanheses, a trabalhar e a poupar assim, qualquer dia saem daqui. E saíram. Foram viver para uma casa decente, com água, esgotos e electricidade. O sorriso voltou aos seus rostos e a ideia de um dia ter uma vivenda não lhes saiu da cabeça. Com algumas poupanças amealhadas, compraram um lote de terreno onde ainda pastavam as cabras e as ovelhas. Este, ficou intacto e imutável durante algum tempo. A conta no banco foi crescendo e quando, passados anos, puderam realizar o seu sonho, começaram a fazer muros em volta, a plantar árvores e roseiras. A seguir, nasce a vivenda dos seus sonhos. Tinha acabado de fazer anos uma filha, fruto do amor do casal. Foi uma festa bonita. Como era filha única, pensaram: e se puséssemos a casa em nome da nossa filha para ela não vir a ter problemas depois de nós morrermos… Assim fizeram; a jovem passava a ter aquilo que os pais nunca tiveram na vida, a não ser o sonho.

Entretanto, a filha era já uma jovem senhora e os Pais estavam mais velhos e cansados. Como já tinham casa, emprego e umas magras poupanças para irem à festa da «Terra», disseram à menina dos olhos deles: nós vamos à aldeia e voltamos na terça-feira. Tens tudo o que te faz falta no frigorífico e dinheiro no lugar do costume. E partiram felizes. No domingo, a procissão saiu à rua, como era habitual, e à noite dançaram no arraial. Na segunda-feira, com saudades da filha, voltaram um dia antes do combinado.
A viagem correu bem mas ao chegarem a casa encontraram uma surpresa: ao entrarem no quarto da sua prendada menina, encontraram-na deitada, nos lençóis de linho, abraçada ao namorado, despida e desgrenhada. O coração da mãe ficou mais negro do que as vestes do luto das viúvas; e o do Pai, mais gelado do que as pistas de gelo da Serra da Estrela. Uma desilusão total, mas o pior ainda estava para vir. (…)

Escrito por Artur Monteiro do Couto, do blog Beleza Serrana
A versão completa do texto encontra-se no respectivo blog.

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A ALDEIA DO MEU PAI

(À esquerda, em Viseu com o meu pai, na década de 80. À direita, estava no pátio, com a paisagem do campo)

O meu pai, Jacinto nasceu em 1933 em Corvos à Nogueira, Freguesia de Santos Evos, concelho de Viseu. Veio para Lisboa tinha nem sabia ao certo que idade...teria 14, 15 anos, a sua infância foi passada a caminhar kms até chegar ás minas de volfrâmio onde trabalhava o meu avô, para lhe dar o almoço, minas essas das quais ninguém sonhava que eram para armamento de guerra...assim se mantinha as pessoas na ignorância. Nos tempos livres guardava ovelhas e uma vez ficou preso no meio de um nevão, perdeu-se não sabia regressar a casa, até que se refugiou dentro de uma casa de animais á espera que o nevão parasse. Fez o exame da 4a classe, e passado pouco tempo saiu da sua terra em busca de melhores oportunidades na capital.

A aldeia desenvolveu muito ao longo dos anos, recordo-me de quando era pequena a estrada que nos levava até lá era em pedra batida, mais tarde foi alcatroada. É uma aldeia que tem registo de património desde o séc. XVII, como por exemplo:
Casa do Cerrado – casa solarenga, com capela datada de 1689, dedicada a Nª Sra. do Pilar.
Casa do Eirado – a construção remonta ao séc. XVII.
Igreja Nª Sra. de Lurdes, inaugurada em 1989.
Fonte do Laranjal actualmente encontra-se soterrada, mas as suas águas eram consideradas medicinais.

O caminho que se faz até lá chegar para quem venha de Viseu, terá de seguir a recta do caçador, e virar numa estrada que diz: Bairro da Amizade, e seguir sempre em frente até chegar a Corvos. Além do seu património, tem uma beleza natural a destacar, pois fica localizada num vale, onde passa um rio pelo meio, agora até há caminhos sinalizados pedestres pelo meio do campo e das matas adjacentes à aldeia.

O meu pai sempre teve orgulho na sua aldeia, pois tinha lá a sua família e sempre gostou de lá pelo bom ambiente que é a qualidade de vida que Corvos oferece...o último ano que ele lá esteve foi em 2006. E cada vez que eu vá para lá, cada canto da sua aldeia, me faz recordar dele. Sei que o meu partiu com a sua aldeia no coração e eu de uma maneira ou de outra também a tenho guardada no meu.

Escrito por Fátima Santos,

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quarta-feira, 10 de março de 2010

EM FRENTE AO MAR... ASSIM CRESCEU O MEU PAI

(o meu pai, minha mãe, irmã, avó materna e eu)

Para ser exacta, não lembro se o meu pai nasceu em casa, num quarto onde pais e filhos eram brindados por uma aurora com cânticos e baladas do mar, se nalgum outro local com assistência de parteira ou outro ajudante com curso superior. Estou mais inclinada para o primeiro pensamento: naquele tempo (02/12/1929) os dias eram, forçosamente, muito diferentes do que se apresentam na actualidade regional e nestes pedaços de terra rodeada de águas que bailam com a tonalidade reflectida de tons variáveis consoante há negrume, cinzentos ou claridade azulada de frescura.

Os ilhéus e ilhoas sempre nasceram em berços de harmonia com a natureza e com o mar numa balada de afecto pela vinda de mais um ser para frutificar descendência suficiente para continuar o seu "eu" fortemente enraizado por costumes e tradições, diferentes consoante o local de nascimento e/ou o valor que se dá às coisas com um toque de crença em algo superior a nós. Na mitologia romana, Neptuno é o deus do mar e, na freguesia de Santo Amaro, esse deus é a brisa que domina a potência gigantesca de aromas inconfundíveis. Santo Amaro é o padroeiro que apazigua alguma revolta espumante em dias de tempestade.

O meu pai cresceu à beira-mar, na freguesia marítima, de homens do mar, de construtores de barcos e lanchas, do estaleiro onde saíram tábuas talhadas com amor e suor marinheiro. Saudade é a palavra-chave que se mantém de geração em geração junto de lembranças e histórias passadas de boca em boca para que os mais novos não esqueçam o valor dos antepassados.

Lembro que meu pai contava que, às vezes, dava mergulhos profundos no mar que, constantemente ouvia, no seu canto pautado de vida, e que aguentava algum tempo nas suas profundezas, ora por prazer ora por necessidade, e que as pessoas interrogavam-se, entre si, se algo lhe havia sucedido para não voltar à superfície... e, passado um bocado, lá vinha ele fora de água, feliz pelo feito quase impossível de imitar, sobretudo para quem não domina esse grande charco de água temperada do sal que abriga os peixes, algas, moluscos, crustáceos, corais e o fascínio do abismo de uma beleza natural extraordinária. É assim o paraíso marítimo onde alguns tem a sorte de nascer e outros têm o azar de naufragar. O seu fim não foi no mar mas, acredito, que a sua alma o canta para sempre. (Aos nove anos do seu último adeus)

Escrito por Rosa Silva, do blog “Azoriana”

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A ALDEIA ENCANTADA DO MEU PAI.

(Casa da Mãe-Velha - 1953)

Meu pai nasceu no Enxertado, uma aldeia pequenina e tão remota que para chegar nela só em lombo de burro! Passou sua infância entre o Enxertado e Felgueiras, onde também morou. No Inverno a água congelava, e ficava impossível ir à escola com o caminho tão coberto de neve. Mas o rio que por lá passava tinha águas tão cristalinas que dava para se enxergar o fundo! ...E a linda Serra da Estrela ficava perto.

Na foto, a casa da Mãe-Velha, em 1953. Essas e outras histórias, fui ouvindo de meu pai que, homem sensível e saudoso, gostava de relembrar sua infância em terras portuguesas. Quando meu pai tinha 11 anos, meu avô veio com a família tentar a sorte no Brasil. Aos 25 anos meu pai voltou, à passeio, a sua terra e lá encontrou as mesmas emoções que o acompanharam por toda a sua vida. A casa de sua avó – carinhosamente chamada de Mãe Velha - de pedra como tantas outras existentes nas aldeias de Portugal, lá estava, tão pequenina que agora precisava abaixar-se para passar pela porta. Mas ela não era enorme? E a árvore que ele avistava, pertinho da janela do quarto em que dormia, e onde os passarinhos vinham cantar para alegrá-lo? E as frutas maravilhosas, colhidas no pé, saborosas e doces como não existiam em nenhum outro lugar?

Nessa ocasião, já adulto, meu pai pode reconhecer as belezas de sua terra natal, recordando os dias difíceis, porém felizes, vividos naquele cantinho das montanhas. Em 1968, já com 66 anos, meu pai visitou pela última vez sua aldeia, levando minha mãe para conhecer aquele lugar encantado que ele guardava no coração. Agora já não era preciso subir no lombo do burro, pois existiam estradas e carros para chegar até lá!

Nunca visitei a terra do meu pai, mas suas palavras ficaram eternamente marcadas em minha memória. Sinto um carinho imenso por esse lugar que não conheço pessoalmente, mas que também faz parte da minha vida. Meu pai, como consta em seus documentos: António Guedes de Mello, natural de Eirado do Enxertado, Freguesia de Resende, Concelho de Resende, Distrito de Viseu.

É com prazer que participo, pela primeira vez, da Blogagem Coletiva do Aldeia da Minha Vida!

Escrito por Flora Maria, do blog Flora da Serra – Raízes da Mantiqueira

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terça-feira, 9 de março de 2010

AGENDA DA BLOGAGEM DE MARÇO

(Imagem retirada da Internet)

A partir de amanhã, a Aldeia inicia a sua homenagem a todos os Pais. Todos os amigos deste blog quiseram ajudar-nos nessa comemoração. Assim oferecemos aos nossos pais um singelo presente, divulgando e descobrindo ao mesmo tempo, as terras onde nasceram, cresceram e viveram. Feliz Dia do Pai!

10 de Março
Flora Maria
Rosa Silva

12 de Março
Fátima Santos
Artur Monteiro Couto

14 de Março
Tânia F.P. Barreira
Eugénia Santa Cruz

16 de Março
Catarina Price Galvão
Sandra Andrade

18 de Março
Ana Paula Palma
Acácio Moreira

20 de Março
Fernanda Ferreira
Lourdes Martinho

22 de Março
C. Moreira
João Celorico

24 de Março
Liliana Rito
Ka
*
Feliz Dia do Pai!!!

Nota Importante:
Tenham a amabilidade de colocar o Selo da Blogagem de Março nos vossos blogues com o respectivo link da Aldeia. Assim, os vossos amigos poderão ver e comentar. Além da votação de 28 a 31 de Março, a quantidade e qualidade de comentários também contam para a eleição do Melhor Texto. Não hesite, Comente!

quinta-feira, 4 de março de 2010

MENSAGEM DE AGRADECIMENTO DE ROSA SILVA

(Angra do Heroísmo: Imagem retirada da Internet pelo blog da Aldeia)


No calor da votação, sinto que a ilha Terceira é a vencedora pelo seu Carnaval que, além da beleza e originalidade, ganha aplausos por movimentar os ilhéus de uma ilha inteira, e mais recentemente, outros locais do mundo através da possibilidade de ser visto pela Internet. Os emigrantes terceirenses, com a balada da saudade nos seus corações, aguardam os três dias do Carnaval da Terceira, porque sabem que, aqui, todos (ou quase), desde o mais novo até àquele que ainda tem pernas boas para dançar os passos da coreografia, ou para ser o porta-voz eloquente de uma Dança ou Bailinho, ainda permanece e permanecerá uma alegria diferente, um festejo que merece os maiores louvores, sobretudo por parte de quem vive esta festa da arte popular em cima dos palcos dos Salões das Sociedades Filarmónicas da ilha Terceira, ou nos lares da terceira idade, ou, ainda, em locais que prendem a atenção dos assistentes que não arredam pé dos lugares para assistir ao seu Carnaval favorito.

Um louvor às costureiras,
Aos cantores e bailarinos,
Aos músicos e às carreiras
Que transportam tantos hinos.

Quanto a mim, e porque a escrevi, esta será a quadra que melhor traduz a minha participação na Blogagem de Fevereiro a convite da Lena. Ganhou o aplauso às costureiras que fazem milhares e belos trajes carnavalescos durante meses a fio, ganharam os cantores e bailarinos que levam meses a ensaiar num convívio alegre, risonho e de camaradagem, ganharam os músicos que também estudam as pautas e as sabem de cor, os condutores das carreiras e dos carros pessoais, que em três dias não tem descanso e transportam verdadeiros hinos de alegria, felicidade e que originam gargalhadas, fazendo esquecer as calamidades da vida no resto dos dias do ano.

Beijos e abraços a todos!

Rosa Silva, do blog "Azoriana"

PARABÉNS AOS VENCEDORES DA BLOGAGEM DE FEVEREIRO

E terminou o Carnaval... Acabou-se a folia, mas não a diversão. Pois na Aldeia, tudo é feito com peso e medida, sem excessos, garantindo assim a alegria e o divertimento de todos. Este mês, os jurados bem se tentaram disfarçar e fugir a decisão. Mas as meninas da Aldeia conseguiram descobri-los e não tiveram escapatória. Ficaram de castigo: um dia inteiro numa sala. A Blogagem de Fevereiro permitiu-nos observar um desfile de Carnaval por Portugal e pelo Mundo, num ambiente amigável e de muito fair-play. Tudo no quentinho das nossas casas, sem essa chata da chuva, essa desmancha-prazeres!

Antes do anúncio oficial com as tais surpresas, queríamos agradecer a todos os participantes a todos os níveis, e em particular: elogiar o bloguista e amigo João Celorico pela sua sempre poética presença, seja em textos ou comentários, enobrece a Aldeia. Ficamos mesmo honradas pela sua amizade porque mantém sempre o espírito de camaradagem e boa disposição entre todos. Também gostaríamos de mandar abraços enormes para o outro lado do Ocidente: Malaca, a Prof. Cátia Candeias, aos seus alunos e a todos os Portugueses de Malaca e do Mundo. Juntos ultrapassamos barreiras e fronteiras, e mais do que isso, unimos pessoas!

Agora vamos ao tão aguardado comunicado:
Desta vez, houve mais unanimidade entre o júri. Ah, e como não falamos do Dia dos Namorados nesse mesmo mês, optamos por oferecer prémios alusivos a essa data. Surpresa!

O/A vencedor/a do Prémio de Melhor Bloguista é:

Eugénia Santa Cruz, do blog Cortecega - Notícias da Minha Terra


Esta menina, ferrenha corteceguence, representa nobremente a sua terra. A merecida surpresa que temos para ela é: o livro “Calor”, de Miguel Ângelo.

Agora, cá vamos ao vencedor do Prémio de Melhor Comentário. Quem escreveu este comentário?

É muito bom poder relembrar junto com você os deliciosos Carnavais da nossa infância! Nosso Carnaval era diferente, sem samba no pé, sem bailes carnavalescos, sem as manifestações exageradas de liberdade. Mas como éramos felizes naqueles dias de folia e brincadeira! Bastava sentir o cheiro da lança-perfume, admirar as lindas fantasias que circulavam pelas ruas, e ouvir os blocos animados que passavam à pé ou de bonde no nosso bairro. Recordar é viver, e viveremos enquanto nossas lembranças tiverem valor. Enquanto continuarmos a contar nossas histórias para os mais jovens que, infelizmente, não conheceram uma forma de vida tão mais calma, pura e romântica.
Feliz Carnaval!

Foi:


Esta menina do continente sul-americano é detentora uma prosa universal. A devida surpresa que lhe enviaremos é bem portuguesa: o livro “O Eros Electrónico”, de Román Gubern.

Agora o/a vencedor/a do Prémio de Melhor Texto com 57 votos (47%) e vários comentários, filha da Ilha dos Açores, mais especificamente da Ilha da Terceira! É:

Rosa Maria Silva, do blog "Azoriana"


Esta menina lutou e luta com unhas e dentes para elevar o nome da sua ilha. E para esta divertida açoriana, temos dois Prémios: o livro “Todos os Homens são iguais…mesmo as Mulheres”, de Isabelle Alonso e “Império de Brandos Costumes”, de António Sala.

Veja acima a bonita mensagem de agradecimento que nos mandou.

P.S.: Todos os vencedores serão contactados individualmente por e-mail. Pedimos que nos enviem o nome completo e a morada para envio posterior do prémio.
P.S.1: Pedimos desculpas pela demora em anunciar os vencedores. Tivemos alguns problemas técnicos estes últimos dias...